segunda-feira, 22 de abril de 2013

Chocolate amargo pode até ajudar a emagrecer, sugerem pesquisas


ALCIONE HERZOGCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Vedete de pesquisas científicas recentes, o chocolate, além de tudo, é agora um possível aliado na luta para a perda de peso, conforme um estudo feito pela Universidade da Califórnia.O trabalho, publicado na revista americana "Archives of Internal Medicine", analisou os hábitos alimentares de 972 pessoas entre 20 e 85 anos sem doenças cardiovasculares, diabetes ou colesterol.Entre os voluntários, aqueles que relataram comer chocolate mais vezes, mesmo mantendo no cardápio uma quantidade maior de gordura saturada e calorias, foram os que tiveram menor IMC (índice de massa corporal). O benefício atribuído ao alimentofoi identificado até entre os participantes que não praticavam atividades físicas. O trabalho não investigou como isso acontece. Porém, há algumas hipóteses. Beatrice Golomb, autora do estudo, afirmou a jornais americanos que os ácidos fenólicos presentes no cacau, como os flavonoides, ajudam a equilibrar a produção do hormônio leptina, que se comunica com o hipotálamo, no cérebro, aumentando a sensação de saciedade e acelerando a queima calórica.
Outro estudo, da Universidade Real de Copenhague, avaliou o apetite de 16 jovens saudáveis antes e depois da ingestão 100 g de chocolate amargo ou ao leite.
"Sempre que comiam o chocolate amargo, os participantes sentiam menos fome e consumiam menos alimentos", afirmou à Folha a pesquisadora Lone Sorensen, coordenadora da pesquisa.
A ingestão de calorias pós-chocolate amargo foi 15% menor em comparação com consumo pós-chocolate ao leite. Para ela, uma explicação é o alto teor de manteiga de cacau no produto, que significa mais ácido esteárico (tipo de ácido graxo). A substância retarda o esvaziamento do estômago e do intestino.

CONTROLE DO APETITE
O chocolate ganhou status de alimento funcional por causa dos flavonoides presentes nas sementes do cacau. Essas substâncias têm poder antioxidante, melhoram a circulação e o funcionamento das células cardíacas, explica a nutricionista Milene Pufal, da PUC-RS.
Para conseguir esses benefícios, quanto mais cacau, melhor, por isso a indicação do tipo amargo. Depois de estudar 16 pesquisas científicas sobre o assunto, a nutricionista Vanderli Marchiori passou a indicar o chocolate com alto teor de cacau a pacientes que precisam controlar o apetite. Ela recomenda de 20 a 40 gramas ao dia para qualquer dieta, como arma para diminuir a vontade de comer doce.
Marchiori explica que o equilíbrio do hormônio leptina ativa os receptores opioides, localizados no sistema límbico (parte do cérebro responsável pelas emoções). Esses receptores reduzem a compulsão alimentar. "Eles diminuem as chances de recaída entre pessoas viciadas em açúcar."

FALTAM ESTUDOS
Mais cauteloso, o endocrinologista Marcio Mancini, chefe do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, afirma que são necessárias mais evidências para associar chocolate e redução de peso."Há apenas um estudo em ratos mostrando que os polifenois do cacau promovem uma redução de massa, diminuindo o armazenamento de gordura por maior gasto de energia celular."
Para quem deseja emagrecer, Sorensen lembra que, amargo ou não, o chocolate é rico em energia. "São até 500 calorias para cada 100 gramas. Não é para comer grandes quantidades. Mas é uma ótima ideia trocar a versão ao leite pelo chocolate amargo, porque ele satisfaz o desejo de doces por um longo tempo", diz ela.
A pesquisadora Adriana Buitrago Lopez, do Departamento de Cardiologia da Universidade de Roterdã, na Holanda, afirma que o consumo de grandes quantidades de chocolate pode anular seus benefícios. "Leva ao ganho de peso, o que aumenta o risco cardíaco", alerta.
Lopez participou de um estudo que envolveu cem mil pessoas e avaliou o efeito da ingestão de chocolate sobre a incidência de ataques cardíacos e derrames.

PROBLEMA DE SABOR
Além das calorias, outro porém do chocolate amargo é o sabor. "Muitos consumidores ainda não estão adaptados", diz Cynthia Ditchfield, engenheira química e professora da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP.
Ela e outras professoras estudam, desde 2009, uma maneira de deixar o chocolate com alto teor de cacau (acima de 50%) menos amargo.
A pesquisa aborda as variedades de cacau utilizadas, a microbiologia e os processos produtivos. Cor, textura, acidez, teor de lipídeos, açúcares e proteínas, tudo está sendo levado em conta.
A conclusão preliminar é que há margem para avanços, que podem ser conquistados a partir de fatores que vão desde a seleção e a separação das amêndoas do cacau até o aperfeiçoamento na fabricação do produto. "É possível substituir processos industriais e melhorar o sabor do chocolate amargo. Entretanto, na grande indústria o espaço para essas mudanças é menor, o que indica que os chocolates com mais cacau continuarão a ter uma produção mais restrita e segmentada", diz Ditchfield.

FONTE: JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO - FOLHA EQUILÍBRIO: TERÇA-FEIRA 26 DE MARÇO DE 2013.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Mais potássio na dieta reduz risco de derrame


Um incremento no consumo de frutas e legumes frescos e uma redução na ingestão de alimentos industrializados podem aumentar a presença do potássio na dieta e levar a uma redução de 24% no risco de derrames cerebrais na população.Hoje, a doença é a principal causa de morte e incapacidade no Brasil.
A indicação vem de uma grande revisão de estudos liderada por pesquisadores da OMS (Organização Mundial da Saúde) e publicada no "British Medical Journal". O trabalho envolve dados de quase 130 mil pessoas saudáveis e mostra que, entre as que consumiam mais potássio (de 3,5 g a 4,7 g por dia), o risco de derrame era 24% menor do que no grupo que ingeria menos desse nutriente.
O potássio é essencial para o funcionamento celular e serve como contraponto à ação do sódio, componente do sal fortemente ligado à hipertensão, que é fator de risco para derrames e outras doenças cardiovasculares.
O trabalho sobre potássio, assinado por Nancy Aburto, do Departamento de Nutrição para a Saúde e o Desenvolvimento da OMS, é acompanhado por outras duas revisões de estudos a respeito do efeito de reduções do consumo de sódio na pressão.
Que cortar o sal da dieta ajuda a controlar a pressão é mais do que sabido. O que ainda se discute são as metas ideais de consumo diário -e como implementá-las. Hoje, a OMS recomenda até 5 g de sal por dia --o equivalente a 2 g de sódio. De acordo com o trabalho liderado pelo pesquisador Feng He, da Universidade de Londres, diminuir o consumo de sal dos atuais 9 g a 12 g observados em média na população para 5 g já teria um grande impacto, mas um corte mais radical, para 3 g, seria ainda melhor para o controle da pressão arterial. "Essa é uma ótima meta, mas muito difícil de cumprir", afirma o nutrólogo e cardiologista Daniel Magnoni, diretor de nutrição do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. "Os alimentos industrializados não estão prontos para isso nem as pessoas."
O governo brasileiro estabeleceu metas de redução de sódio para os alimentos industrializados, mas o acordo foi visto como tímido por alguns especialistas.

FONTE: DÉBORA MISMETTI - EDITORA DE "CIÊNCIA+SAÚDE".Jornal Folha de São Paulo, 05 de Abril de 2013.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Propriedades Nutricionais do Gengibre


Quais são as principais propriedades nutricionais e aplicações clínicas do gengibre?

O gengibre (Zingiber officinale) pertence à família Zingiberaceae. As plantas desta família, em geral, apresentam grandes quantidades de fitoquímicos e no caso específico do gengibre, os compostos responsáveis pela pungência (ardência) são principalmente os gingeróis, considerados os principais compostos bioativos de alimentos dessa espécie. Esses compostos, principalmente o 6-gingerol, são os componentes mais ativos, que se destaca por sua atividade antioxidante.
De maneira geral, os estudos científicos têm demonstrado que o gengibre possui propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias, antioxidantes, hipoglicemiantes, hepatoprotetora e hipocolesterolêmica.
Diversos compostos presentes no gengibre possuem atividade antitumorigênicas, principalmente o 6-gingerol, 6-shogaol, 6-paradol e zerumbone. Estudos realizados in vitro e in vivo demonstraram que o gengibre e seus compostos isolados podem ser eficazes no controle do câncer gástrico, coloretal, ovário, fígado e da pele. O gengibre também tem sido considerado efetivo para o tratamento de náuseas e vômitos associados com a quimioterapia e na gestação.
A atividade anti-inflamatória do gengibre tem sido bastante evidenciada nos estudos. Os principais mecanismos são a inibição de ciclooxigenase-2 (COX-2) e lipoxigenase-5, que são moléculas inflamatórias mais envolvidas nos processos de desenvolvimento tumoral e, em particular, do câncer coloretal. Além disso, o gengibre diminui a produção de citocinas pró-inflamatórias como fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), interleucina (IL)-1, IL-1beta e IL-2, bem como preserva as citocinas anti-inflamatórias como IL-10 e IL-4. Os estudos relatam que, por essas razões, além da propriedade anti-inflamatória, o gengibre possui atividade analgésica, devido à atuação dessas moléculas na dor associada à inflamação.

Bibliografia (s)

Baliga MS, Haniadka R, Pereira MM, D'Souza JJ, Pallaty PL, Bhat HP, Popuri S. Update on the chemopreventive effects of ginger and its phytochemicals. Crit Rev Food Sci Nutr. 2011;51(6):499-523.

Butt MS, Sultan MT. Ginger and its health claims: molecular aspects. Crit Rev Food Sci Nutr. 2011;51(5):383-93.

Ryan JL, Heckler CE, Roscoe JA, Dakhil SR, Kirshner J, Flynn PJ, et al. Ginger (Zingiber officinale) reduces acute chemotherapy-induced nausea: a URCC CCOP study of 576 patients. Support Care Cancer. 2012;20(7):1479-89.
                              
TEXTO EXTRAÍDO DO SITE NUTRITOTAL. DISPONÍVEL EM: http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&id=735&categoria=28