segunda-feira, 19 de março de 2012

Debulhando os orgânicos


O post de hoje traz uma matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, no dia 14 de Março de 2012 sobre os alimentos orgânicos. Embora esses alimentos tenham se tornado muito populares, ainda existem dúvidas à respeito deles. Confira!

Debulhando os orgânicos

LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO

Os alimentos orgânicos estão na moda -e não é de hoje-, dispensam agrotóxicos e nascem de um cultivo justo. Mas não são a salvação da lavoura. Para a pesquisadora Magali Monteiro, da Unesp, não dá para generalizar e cravar que o orgânico é melhor que o convencional.  "O orgânico não é a cura de todos os males, é uma opção nutricionalmente tão boa quanto os alimentos convencionais, mas sua produção é sustentável e respeita homem e ambiente. Isso é pouco?"
O que é certo é que o sistema convencional deixa resíduos químicos em "níveis preocupantes para a saúde", segundo estudo do agrônomo Moacir Darlot, do Instituto Agronômico do Paraná.

BANDEIRA
Na gastronomia, chefs têm levantado a bandeira dos orgânicos de forma cada vez mais ativa. Em um evento na semana passada, por exemplo, José Barattino, do Emiliano, apresentou ao público um de seus fornecedores, a Família Orgânica, na tentativa de estreitar os laços dos consumidores e produtores.
Trata-se de um grupo de pequenos produtores do interior de São Paulo, que respeita a sazonalidade -o que, para Barattino, lhes confere sabor mais característico-, e não usa aditivos químicos.
Já dizia Michael Pollan, autor de "Em Defesa da Comida - Um Manifesto", que a "segurança alimentar só se tornou um problema nacional depois que a industrialização da cadeia alimentar afrouxou os laços entre os produtores e aqueles que os comem".
Para a chef Tatiana Cardoso, do Moinho de Pedra, há 20 anos embrenhada no universo desses alimentos que crescem naturalmente, esse, de fato, é um elo importante. Ela, inclusive, inaugura o restaurante Natural com Arte, em Embu, nesta semana, no qual utilizará produtos colhidos de horta e pomar próprios -no máximo, compra isso e aquilo de algum produtor da vizinhança. "Uma agricultura sustentável não se faz hoje sem a participação do consumidor", diz Tatiana. Algo que esbarra com a clássica frase do norte-americano Wendell Berry: "Comer é um ato agrícola". Na explicação de Michael Pollan, o que está implícito é que "não nos limitamos a ser consumidores passivos de alimentos, mas somos cocriadores dos sistemas que nos alimentam".

PARQUES
No começo deste mês, orgânicos foram tema de um seminário na Câmara Municipal de São Paulo, que discutiu ações como a abertura de parques para feiras de produtos sem agrotóxicos. O parque Burle Marx foi o primeiro a integrar o roteiro, desde o fim de 2011. Na mira estão os parques Ibirapuera e Carmo.

O QUE PRIORIZAR?
Para ingerir menos veneno, a principal recomendação de especialistas é que o consumidor busque alimentos de sua região e em suas respectivas épocas -sejam orgânicos ou não. "Se eu tivesse de priorizar, escolheria um grupo de alimentos", diz a chef Tatiana Cardoso. "O pimentão, por exemplo, chega a ter 70% de agrotóxico. Se você não pode consumir pimentão orgânico, não coma pimentão." Para ela, os que acumulam mais defensivos são tomate, batata, morango e uva.


ORGÂNICOS EM POUCAS PALAVRAS
A produção orgânica leva em consideração a qualidade de vida do homem -de quem produz e de quem consome- e do ambiente. Dispensa qualquer tipo de substância química.


MAIS ENERGIA?
Não existem pesquisas que cravem que produtos orgânicos têm mais nutrientes do que os convencionais. Uma pesquisa feita na Dinamarca concluiu que o sistema de cultivo pouco influencia a qualidade proteica e o valor energético dos alimentos. Sabe-se, no entanto, que os alimentos convencionais geralmente têm mais água do que os orgânicos, pois são "alimentados" com nitrogênio e incham rapidamente.


O TABU DO PREÇO
Produtos orgânicos costumam ser mais caros nos supermercados. Se comprados do produtor, têm preços melhores. "No Brasil, temos de comprar em feiras orgânicas ou em cestas de entrega. Eu fugiria de supermercados, que consideram que é um produto de elite", diz a chef Tatiana Cardoso, do Moinho de Pedra.


O GOSTO E O PERFUME
Alguns estudos que avaliam sabor e aroma mostram uma leve superioridade do produto orgânico em relação ao similar convencional. Por serem colhidos apenas em sua época, são produtos capazes de exibir sabor e aroma típicos, sem interferência de substâncias químicas.


POR FORA
É difícil identificar produtos orgânicos a olho nu. Recomenda-se localizar os selos de certificação orgânica, que garantem que aquele alimento respeita as etapas de produção, ou conversar diretamente com os produtores. Geralmente, produtos orgânicos são mais irregulares, apresentam rendimentos oscilantes de safra para safra e são menos vibrantes -em cor e tamanho.


TEMPO DE PRATELEIRA
Produtos orgânicos são mais firmes, mais vigorosos e têm mais fibras e matéria seca -normalmente, têm uma estrutura interna mais robusta. Sua durabilidade na geladeira costuma ser superior à dos convencionais. Crescem naturalmente e agregam elementos que os protegem. Produtos convencionais crescem exageradamente rápido, estimulados por adubo químico. Por isso, costumam ser mais frágeis. De maneira geral, as folhosas de produção orgânica (como alface, rúcula, almeirão etc.) têm vida de geladeira bem mais longa que os convencionais.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo, São Paulo, quarta-feira, 14 de Março de 2012. Debulhando os orgânicos.

J Saiba mais sobre os alimentos orgânicos lendo o post “ALIMENTOS ORGÂNICOS: VALE A PENA PAGAR MAIS CARO?” publicado aqui no blog Nutrição & Qualidade de Vida em Junho de 2011.

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